Apesar de muitos exemplares terem desaparecido, este conjunto de habitações de veraneio apresenta ainda uma certa homogeneidade, onde se podem observar alguns bons exemplos da época.
Tal como o desassoreamento do porto, questão que ressurgiu no nosso século, a conceção de urbanismo de boulevard, à semelhança das grandes estâncias de veraneio da Europa, volta a colocar-se com o programa de desenvolvimento urbano de Álvaro de Oliveira (anos 30): os novos arruamentos em esquadria, o desenvolvimento da grande artéria marginal, a esplanada e o jardim como centros de irradiação da circulação viária e de confluência social.
Atualmente, ainda existe, junto ao sopé do Monte de Santa Ana, as ruínas de um arsenal onde foram construídas, com madeira do pinhal de Leiria, as caravelas que participaram nas descobertas e conquistas, nos reinados de D. Afonso V e D. João II. Provavelmente, também aqui, foram construídos os navios que levaram D. Sebastião a Alcácer-Quibir. O porto de São Martinho gozou assim de uma grande fama.
Em 1495 foi atribuído a São Martinho do Porto um segundo foral, pelo abade Cardeal D. Afonso. Posteriormente, no dia 1 de outubro de 1518, o rei D. Manuel I concede novo foral à vila de São Martinho do Porto. Além das terras de São Martinho do porto, a vila abrangia também os Casais do Bom Jesus, Venda Nova, Jagos, Vale do Paraíso e dois na Charneca. É nesta altura que São Martinho do Porto passa a ser sede de concelho.
No reinado de D. Miguel, em 1828, lançou-se a primeira pedra do cais de São Martinho do Porto, que mais tarde foi acrescentado para sul da casa-abrigo do barco salva-vidas.
Em 1855, por Decreto de 24 de outubro foi suprimido o concelho de São Martinho do Porto, passando a integrar o concelho de Alcobaça. Em 1895, a freguesia passa a fazer parte do concelho de Caldas da Rainha, passando posteriormente, em 1898, a integrar novamente no concelho de Alcobaça, o qual pertence atualmente. São Martinho do Porto foi reelevado à categoria de Vila por decisão da Assembleia da República, em 13 de julho de 1990. O progressivo assoreamento da baía acabaria por reduzi-la a centro de pesca artesanal, função que ainda hoje conserva. O “barco do candil” ou a “xavasca” são algumas das embarcações típicas que ainda vão sobrevivendo nesta faina, cada vez mais restrita e menos rentável.